Thursday, September 28, 2006

21/09/06

Sermão em Macaé

COM A CABEÇA EM DOIS MUNDOS
Onde eu tenho investido minha vida?


 Lucas 9:23 Dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me.
 Lucas 9:24 Pois quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; quem perder a vida por minha causa, esse a salvará.
 Lucas 9:25 Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder-se ou a causar dano a si mesmo?
 Lucas 9:26 Porque qualquer que de mim e das minhas palavras se envergonhar, dele se envergonhará o Filho do Homem, quando vier na sua glória e na do Pai e dos santos anjos.
 Lucas 9:27 Verdadeiramente, vos digo: alguns há dos que aqui se encontram que, de maneira nenhuma, passarão pela morte até que vejam o reino de Deus.

O cristão do nosso tempo vive uma dura dicotomia. Inserido na Pós-modernidade essencialmente individualista, presencia a falência dos valores por parte da sociedade; a fuga da razão gerando uma espiritualidade sem Deus como centro; a deterioração da família, notória até mesmo no seio da igreja; as relações inter-pessoais cada vez mais superficiais e a dificuldade de enxergar o outro como indivíduo passível do nosso amor, levando o homem a uma barbárie nunca antes vista. Muitos são os cristãos que se vêem confusos com relação ao seu papel em um mundo tão cheio de holofotes que a nossa luz já não consegue brilhar como antes. Nesse sentido não sabem se é melhor render-se ao sistema ou ter a ousadia de caminhar na contra-cultura.

Contudo, desde a queda, Deus traçou um plano perfeito, que culminaria na morte de seu Filho, para que nos reconciliasse-mos com Ele mesmo. Assim, escolheu um povo para ser chamado de seu e para esse revelou-se de maneira grandiosa em inúmeros momentos. O problema, contudo, está na atitude do povo após ver a manifestação de Deus.

Durante 400 anos o povo hebreu viveu como escravo sob o julgo egípcio, lá eles experimentaram a dura servidão. Naquela terra eles não tinham identidade como nação, não possuiam território, não tinham tradições, nem, sequer, um relacionamento com o Deus de seus pais. Contudo o Senhor ouviu seu gemido, lembrou-se da Aliança com Abraão e usou Moisés para libertá-los. Durante 40 anos os hebreus caminharam pelo deserto, pois o intuito de Deus não era apenas tirar o povo do Egito, entretanto, tirar o Egito do povo. Dessa forma, ensiná-los a viverem em santidade em relacionamento com a Trindade.

O desafio que Jesus propõe aos seus discípulos é o mesmo feito ao povo e a nós. Abandonar velhas convicções a fim de vivermos em novidade de vida por meio da renovação da nossa mente que só pode acontecer a partir da nossa regeneração através do sacrifício de Cristo na cruz.

Mas como diz o versículo 23, tomar a cruz e negar-se são tarefas diárias. Por muitas vezes vivemos um esfriamento espiritual, continuamos a participar do convívio em nossa comunidade cristã, todavia, nosso coração não mais arde quando nos achegamos a Deus na particularidade do nosso quarto. Viver para Cristo, antes de pensarmos em manifestações grandiosas, é entender que o sobrenatural manifesta-se quando temos a sensibilidade de sentir o cicio tranqüilo e suave de Deus ao abrirmos sua Palavra.

Vir após Cristo significa acompanhá-lo de perto (contraste com Mt 26.58), não importando quais serão as implicações dessa decisão. Por muitas vezes a caminhada é árdua, pois as dificuldades encontradas no caminho não se restringem exclusivamente às condições geográficas do clima árido. Somente a certeza das coisas do porvir nos dá força para continuar a corrida para o alvo. O povo no deserto não tinha essa certeza e nós, por muitas vezes, vemos nossa fé, assim com a deles, abalada. O resultado disso é a saudade do Egito, saudade do velho homem em pecado, saudade, como vemos em Nm 11.5, dos peixes, dos pepinos, dos melões, dos alhos e das cebolas.

Quando não atentamos exclusivamente para as coisas que não se vêem (2Co 4.18), temos medo de morrer para o mundo e viver para Cristo. E assim, com o intuito de salvarmos nossa vida por nossos próprios méritos, acabamos por perdê-la (versículo 24). O medo de viver exclusivamente pela dependência de Deus faz-nos esquecer que valemos mais que as aves do céu (Mt 6.26).

Deus sabe todas as nossas necessidades e nos supre!

Infelizmente, esse medo não deixa que nosso amor seja aperfeiçoado (IJo4.18) e, assim como os espias, temos medo de desfrutar daquilo que nem olhos viram nem ouvidos ouviram, daquilo que está reservado apenas aos filhos do Deus Vivo.

É tempo de assumirmos nossa identidade como discípulos de Cristo, pois “qualquer que não tomar a sua cruz e vier após mim não pode ser meu discípulo” Lc 14.27

Não há mais tempo de olhar para o passado e vã gloriar-se daquilo que já foi feito, pelo contrário, deixar o que passou para trás e olhar para frente e pensar naquilo que ainda pode ser feito, em como Deus vai te usar para proclamar ao mundo que só em Jesus há mudança de vida. Não há mais tempo de viver os testemunhos alheios, de viver uma espiritualidade domingueira esquecendo-se dos outros seis dias. Dar valor ao sacrifício de Cristo na cruz dita o futuro da minha vida cristã.

A mensagem pode ser desafiadora, viver de modo digno do Evangelho é para os poucos que consideram o morrer como lucro, que entenderam que apenas a FÉ é capaz de vencer o mundo (Nm 13.30, IJo 5.4, Jo 16.33), mesmo que por aflições.

Chegará O Dia em que Filho do Homem virá na sua glória e na do Pai e dos santos anjos, e onde você terá investido a sua vida, o seu tempo, o seu trabalho? Naquilo que o mundo diz que é seguro, nas cebolas do Egito ou na tomada de Canaã para a honra e glória do Nome que está acima de todo nome?

Jesus já venceu o mundo, por isso somos mais que vencedores.

Colossenses 3:1 Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus.
Colossenses 3:2 Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra;

Esse é o segredo para se viver uma vida de santidade, de separação do pecado, pois mesmo sendo Cristo crucificado por meus pecados, ao terceiro dia ressuscitou e, hoje posso me deleitar numa vida abundante, em plenitude de alegria, desfrutando das delícias perpétuas.

Amém
Presente de Aniversário da Minha Mãe